O tema da prematuridade é extremamente relevante e acabou tendo agravamento durante a pandemia em função das políticas de afastamento dos pais do convívio dos nenês prematuros nas UTIs neonatal, também com a diminuição dos cuidados de pré-natal e medidas preventivas a gravidez indesejada.
Os partos antes das 37 semanas representam mais de 12% de todos os partos no RS. A prematuridade está diretamente ligada ao pré-natal inadequado ou não realizado e a falta de planejamento familiar. Reduzir a prematuridade significa diminuir a mortalidade infantil, já que a prematuridade e seus desdobramentos são os maiores responsáveis pelo óbito de crianças com menos de 1 anos de idade.
Dia 17 de novembro é o dia mundial da prematuridade, entre os dias 15 e 19 de novembro a Assembleia Legislativa do RS ficou iluminada de roxo para chamar a atenção a um olhar adequado sobre o tema. A prematuridade mata mais que o câncer. A redução da pandemia está aumentando os índices de óbito por prematuridade no RS, elevando os fatores de risco para os pacientes prematuros, que acabam mais expostos a condições respiratórias típicas da infância, já que as outras crianças voltam a ter as doenças comuns da idade e as infectam.
O planejamento familiar não é só uma questão ginecológica ou obstétrica, não é uma temática que se circunscreve à saúde da mulher. Os métodos de planejamento familiar precisam ser incorporados ao debate, pesquisa e prática dos pediatras, já que a prematuridade se constitui no maior fator vinculado a mortalidade infantil e a gravidez na adolescência.
Em Porto Alegre tivemos uma experiência inédita de redução na mortalidade infantil na década passada, despois de muitas tentativas de somente educar para os desafios do início da vida sexual, sem resultados, passamos a disponibilizar métodos de planejamento familiar, especialmente o implante subcutâneo, que tem o mesmo princípio ativo do comprimido e injeção. Perto de mil jovens pacientes de periferia tiveram acesso ao contraceptivo de longa duração, havíamos percebido que muitas adolescentes não se adaptam bem a disciplina de uso do comprimido. Com a redução da gravidez indesejada, pela menor incidência da gravidez na adolescência, tivemos a oportunidade na cidade de Porto Alegre de menores índices de mortalidade infantil, abaixo de dois dígitos.